GABINETE DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA
PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES
SOLAR DA MADRE DE DEUS
ANGRA DO HEROÍSMO
Mensagem de Ano Novo
do Representante da República
para a Região Autónoma dos Açores
2019/2020
É tradição o Representante da República dirigir aos açorianos uma mensagem alusiva ao Ano Novo. É com muito gosto que, mais uma vez, cumpro essa tradição.
Este ano o Senhor Presidente da República entendeu por bem passar a noite de Fim de Ano no Corvo e é de lá que vai dirigir a sua mensagem de Ano Novo a todos os portugueses.
Não posso deixar de sublinhar o simbolismo do seu ato e a força da sua palavra dita da pequena ilha do Corvo, assim feita baluarte da Nação.
Que grande honra para os corvinos e para os Açores!
Não quero, de modo algum, que as minhas palavras possam desviar a atenção do sentido e propósito da mensagem do Senhor Presidente da República, como primeiro Magistrado da Nação e como fruto da sua personalidade e carácter.
As minhas palavras serão, assim, muito breves e simples.
O Ano de 2020 vai trazer-nos, mais uma vez, uma ocasião para os açorianos procederem à escolha do seu Parlamento e do Governo Regional, que, a partir da composição daquele, há-de ser designado.
Votar é um ato muito importante, um direito e um dever cívico de todo o cidadão.
É um ato de amor à sua terra, à sua região e à sua pátria, uma manifestação de respeito dos cidadãos por si próprios, pelos seus antepassados e pelos seus filhos e netos, uma expressão da sua esperança num futuro melhor e da sua ambição.
Temos de fazer por merecer a felicidade de vivermos em paz social, em democracia, em que todos somos chamados a participar numa base de igualdade e em que todos temos a liberdade de exprimir as nossas opiniões e escolher quem nos governa.
Que ninguém fique em casa, é o meu apelo. Que todos participem na alegria de vivermos em paz e harmonia. Que as eleições sejam uma festa da democracia em que todos, para além das suas diferenças, se sintam unidos na mesma comunidade fraterna e solidária.
Uma palavra ainda sobre o momento que o mundo atravessa. A comunidade científica, com base em todos os dados colhidos por centros de investigação e rastreio, sobre a frequência e gravidade dos fenómenos climáticos extremos, sobre o degelo das calotes polares, e sobre a subida da temperatura média e do nível dos oceanos, diz-nos que é imperativo mudarmos os nossos comportamentos e a nossa atitude para corrigir a rota autodestrutiva em que nos encontramos.
A população em geral e os jovens em particular veem, naturalmente, a situação com ansiedade.
Perguntam-se se o que queremos é uma felicidade fugaz e efémera, basicamente egoísta, com um futuro cada vez mais problemático para as gerações vindouras.
É uma situação que nos afeta a todos, numa escala global, planetária e a que temos de responder com os nossos esforços coletivos e individuais.
Haverá, certamente, um importante papel para a tecnologia, em particular no aproveitamento de energias limpas e renováveis e no desenvolvimento de processos de produção não poluentes. Mas é fundamental que a investigação científica e a inovação tecnológica sejam colocadas ao serviço da qualidade de vida das pessoas e não simplesmente dos interesses económicos.
Os Açores, no meio do Atlântico e com as suas características arquipelágicas, apresentam vulnerabilidades particulares, mas poderão ao mesmo tempo ter um papel especialmente relevante na resposta aos desafios que as alterações climáticas colocam.
Devemos olhar para os Açores como um ecossistema particular, especialmente sensível e rico, mas também como um modelo para o País e para o Mundo.
Os Açores devem estar na vanguarda da luta em defesa do ambiente, na investigação científica sobre os oceanos e os fundos marinhos, na descarbonização total da Região.
Neste sentido, a próxima presidência portuguesa da União Europeia deve ser olhada como uma janela de oportunidade para ser dada maior proeminência aos Açores relativamente aos assuntos do Mar e do Ambiente.
E porque não sermos ainda mais ambiciosos e pensarmos na possibilidade de, daqui a cinco ou seis anos, uma das cimeiras dos Oceanos ou do Clima ser nos Açores.
Seria um desafio aliciante e altamente mobilizador.
Devemos assumir o desafio de os Açores poderem ser um oásis em matéria de poluição e de valorização da natureza e dos seus encantos.
Os Açores podem ainda afirmar-se como um destino turístico de eleição, marcado pela sustentabilidade e, por isso, procurado pelos verdadeiros amantes da natureza e do mar, vindos de todo o mundo.
Para tanto, é fundamental que todas as medidas governativas com impacto no ambiente sejam publicamente escrutinadas – por estudos objetivos de impacto ambiental e intergeracional –, no sentido de averiguar os seus efeitos a médio e longo prazo. Antigas práticas agrícolas e industriais terão que ser revisitadas, no sentido de reduzir ao máximo os seus impactos. Além disso, é fundamental fazer um esforço de adoção das novas formas de energia e das novas tecnologias amigas do ambiente.
Pense-se, por exemplo, que o principal problema que os veículos elétricos ainda colocam aos consumidores – o da autonomia das suas baterias – não se coloca nos Açores.
Neste sentido, as escolas devem encorajar a comunidade escolar a abrir-se a novas iniciativas, a projetos e concursos de ideias em que todos se sintam compelidos a participar ativamente.
Devemos competir uns com os outros para fazermos mais e melhor.
O caminho faz-se caminhando e uma longa caminhada começa sempre com um pequeno passo. Façamos esse primeiro passo hoje mesmo e continuemos a fazê-los, por mais pequenos que sejam, todos os dias do ano.
Caras açorianas e caros açorianos.
Aqui vos deixo os meus melhores votos para um Novo Ano próspero e feliz para todos, num mundo mais humano e justo.