Representante da República para a Região Autónoma dos Açores
47º Aniversário da Universidade dos Açores
Foi com imenso gosto que aceitei o convite que me foi formulado pela Distinta Reitora – Professora Doutora Susana Mira Leal – para estar presente nesta Cerimónia do 47º Aniversário da Universidade dos Açores.
A Universidade dos Açores é uma Instituição de ensino público ainda jovem, mas que tem tido, quanto a mim, um papel importantíssimo no desenvolvimento desta Região.
Relembro o que disse na minha recente mensagem de Ano Novo dirigida a todos os Açorianos:
Educação e cultura são os pilares, que mais que quaisquer outros, determinam o nível de desenvolvimento humano de uma sociedade.
Só através desses pilares uma comunidade é capaz de lucidamente apreciar e manter o que não queremos que mude no nosso modo e filosofia de vida, valorizando o que de bom temos e, ao mesmo tempo, efetuar as mudanças de que necessitamos num mundo em permanente evolução.
Para sermos fortes, para crescermos, para termos uma boa qualidade de vida, para que todos possamos contribuir com o nosso trabalho para o bem comum, para desenvolvermos as nossas capacidades, para reduzirmos as desigualdades, para que todos possamos viver com dignidade e realizarmo-nos como pessoas livres, é absolutamente necessário que a todos sejam dadas todas as oportunidades e todos os meios para que recebam uma educação e qualificações adequadas.
É na educação e cultura que temos de investir e apostar, dando-lhes uma altíssima e permanente prioridade.
Não nos iludamos. Sem uma população educada e qualificada, os índices de pobreza continuarão a ser elevados, o crescimento económico anémico e limitado e, os problemas sociais que nos afligem, persistentes.
E, sem cultura, a identidade e a coesão social tenderão a esboroar-se e a enfraquecer.
Um elevado nível cultural estimula o pensamento livre e autónomo, predispõe as pessoas para o diálogo e reforça a sua capacidade de intervenção cívica. Permite-lhes em especial fazer chegar a sua voz aos decisores políticos e, assim, influenciar positivamente a ação política.
Cidadãos mais preparados adaptam-se melhor à mudança e reagem melhor à adversidade.
Só posso congratular-me com o reforço das verbas da cultura no orçamento da Região para 2023.
Neste quadro considero essencial que sejam também reforçadas as verbas para a Universidade dos Açores.
É preciso que governantes e governados assumam plena consciência da importância da educação e cultura e atuem em conformidade.
Só assim conseguiremos avançar. Os nossos filhos são demasiado importantes para nós próprios e para a sociedade. Devemos, por isso, investir neles.”
Sendo a Educação e a Cultura pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade, tem o Estado e os poderes públicos, obrigação de acarinhar estas “casas do saber”, apoiando-as financeiramente, não lhe faltando com os orçamentos necessários ao desenvolvimento e concretização do seu “múnus”. Estes devem ser sérios e realistas.
A Universidade dos Açores constitui um dos sectores em que a solidariedade e a comunhão de propósitos entre a República e a Região devem colocar-se numa primeira linha e a ação deve ser resoluta e ambiciosa, sem constrangimentos ou reticências.
Permitam-me que expresse a minha opinião que a tripolaridade da Universidade é essencial para a coesão de uma Região que abarca nove ilhas e um estímulo para uma competição saudável e um desenvolvimento equilibrado e abrangente dos Açores.
O Governo Central e o Governo Regional, devem andar de “mãos dadas”, procurando falar entre si de forma aberta e construtiva, pois só assim se conseguirá chegar a “bom porto” e dar concretização plena ao Capítulo III da Constituição da República, evitando estrangulamentos e situações como a recentemente anunciada redução no Contingente de acesso às Universidades públicas existentes no Continente por alunos das duas Regiões Autónomas.
A Educação é determinante. Só uma sociedade instruída está preparada para enfrentar os desafios que o futuro nos coloca e permite aos cidadãos dar uma contribuição adequada para o bem comum.
Temos a obrigação de transmitir valores às gerações futuras. Temos de preservar os valores adotados pelas gerações passadas como forma de garantir o presente e preservar o futuro.
A sociedade açoriana, com a sua inegável riqueza histórica, tradições e valores, é terreno fértil, de onde deve emergir uma realidade cultural que projete definitivamente a Região na senda do progresso económico, tão necessário a Portugal no seu todo e, em especial, a esta Região Autónoma.
Iniciemos hoje a garantia de um futuro mais risonho.
Aqui gostaria de exprimir a minha convicção que, a Universidade para cumprir a sua missão e ganhar a dimensão e proeminência a que deve aspirar, terá que ser uma instituição aberta, integrando-se e aproveitando todas as potencialidades de uma cooperação estreita e efetiva com outras Universidades e Institutos científicos no que diz respeito ao espaço nacional, ao espaço atlântico, à União Europeia, à CPLP e aos Estados Unidos e Canadá.
Agradeço mais uma vez, Senhora Reitora, o convite para aqui estar presente, desejando felicidades pessoais e profissionais a si, a toda a comunidade científica, aos estudantes e a todos os que aqui trabalham, desejando também, um futuro risonho a esta Universidade dos Açores.
Muito obrigado.
Pedro Catarino
11 de janeiro de 2023