ALOCUÇÃO DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA
Excelentíssimas autoridades civis, militares e eclesiásticas,
Açorianos,
Permitam-me que comece por dirigir a todos, açorianas e açorianos, uma respeitosa saudação muito cordial e fraterna.
Uma saudação muito especial também aos órgãos de governo próprio regionais nas pessoas do Senhor Presidente da Assembleia Legislativa e do Senhor Presidente do Governo Regional, altos representantes do povo açoriano, o primeiro aqui presente e o segundo representado pelo Senhor Vice-Presidente do Governo Regional.
Agradeço a participação das autoridades presentes nesta cerimónia singela, dadas as circunstâncias, mas não menos significativa e simbólica, que muito me honra.
Nesta celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas ouvimos os hinos de Portugal e da Região e pela primeira vez o hino da Europa, cantados pelo Coro Padre Tomás de Borba, da Academia Musical da Ilha Terceira, a quem muito agradeço a prestimosa colaboração.
Perguntarão porquê os 3 hinos.
Caros concidadãos.
A nossa identidade nacional como portugueses, a nossa cultura e língua, a nossa história de 9 séculos, o sentido de comunidade, a fraternidade dos nossos laços, os nossos valores e filosofia de vida, bem como o nosso apego ao respeito mútuo, à tolerância, à liberdade de expressão, aos ideais democráticos só saem reforçados com a pertença a comunidades que se complementam e que giram à volta do mesmo centro fulcral.
São comunidades que mutuamente se revigoram, que trazem valor acrescido umas às outras, dando-lhes maior solidez, força e coesão.
Desde logo, os Açores com o seu carácter, com as circunstâncias particulares da sua geografia e da sua história e as suas características sócio-culturais, que lhe dão uma individualidade própria, integrada no todo nacional, mas diferenciada, o que justifica a sua autonomia político-administrativa e o seu governo e parlamento próprios.
Mas também a Europa como projeto comum e generoso, unificador, integrador, antídoto dos nacionalismos exacerbados e revanchistas, espaço de paz, de liberdade, de justiça social e de solidariedade, assente num modelo de sociedade inspirado numa conceção humanista e em valores universais. Europa como projeto aberto, interna e externamente, que valoriza as diferenças culturais e a contribuição de cada um para o todo, que procura abater as barreiras para construir pontes na busca de um mundo cada vez melhor, cada vez mais justo, cada vez mais próspero.
Portugal, a sua Região Autónoma dos Açores e a Europa são quadros referenciais que sentimos e condicionam as nossas vidas e as nossas esperanças. Que dão ânimo aos nossos esforços para nos realizarmos, para transmitirmos aos nossos filhos uma herança de valores e de felicidade material e espiritual, para nos respeitarmos uns aos outros, para nos valorizarmos a nós próprios e ajudarmos os outros a enfrentar os desafios da sociedade e assim contribuirmos para o bem comum, dos nossos povos e da humanidade que nos irmana a todos.
Portugueses,
O último ano foi um ano particularmente difícil. Uma tempestade impiedosa e devastadora. Finalmente as nuvens negras e o vento agreste estão a dissipar-se.
É tempo para, com toda a humildade, fazermos uma reflexão sobre a nossa conduta.
Repensarmos as nossas vidas, prometermos a nós próprios que tudo faremos para levarmos uma vida mais sã, mais atenciosa para com os outros, mais respeitadora para com a natureza, mais empenhada num trabalho produtivo e honesto.
É tempo de reconstrução, de assumirmos as lições do passado para que o futuro nunca mais nos encontre impreparados e sem os meios essenciais para enfrentarmos novos desafios.
Tempo de pensarmos nos mais desfavorecidos e carenciados que mais sofreram com a pandemia.
Mas ninguém ficou imune.
Fomos todos atingidos.
Vivemos num mundo em que dependemos uns dos outros. Ninguém vive isolado. Mesmo quando habitamos ilhas no meio do oceano.
A nossa sorte depende da sorte de todos.
Tempo, portanto, para nos unirmos, unir os nossos esforços e fazê-lo em benefício de todos. O que quer dizer, em nosso próprio benefício.
Portugal, a sua Região Autónoma dos Açores e a Europa, são os faróis de esperança que nos devem guiar e orientar as nossas ações.
Que os seus hinos que acabámos de escutar e a celebração do Dia de Portugal que hoje tem lugar, nos inspirem a todos para, num espírito de unidade, cooperação e respeito mútuo, possamos unir os nossos esforços para construirmos um mundo melhor.
Agradeço ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo a sua disponibilidade para o apoio logístico desta cerimónia e toda a sua amável cooperação.
Exprimo a todos, açorianas e açorianos, aqui e na diáspora, os meus sinceros votos que o futuro lhes reserve as maiores felicidades e boa saúde.
Obrigado
Pedro Catarino
Angra do Heroísmo, 10 de junho de 2021