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GABINETE DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA

PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

SOLAR DA MADRE DE DEUS

ANGRA DO HEROÍSMO

 

ENTREVISTA CONCEDIDA AO JORNAL “DIÁRIO INSULAR” EM 17 DE ABRIL DE 2023, POR
 OCASIÃO DA VISITA DOS EMBAIXADORES DA UNIÃO EUROPEIA AOS AÇORES

 

 

Os Embaixadores da União Europeia acreditados em Lisboa estão nos Açores de 19 a 21 deste mês, onde terão uma das suas reuniões regulares. A iniciativa é da Embaixadora da Suécia, país que detém a Presidência do Conselho. Para si, um Embaixador muito experiente, qual a importância desta deslocação às nossas ilhas?

 

Os Embaixadores são agentes dos seus países e promotores das respetivas relações com o país em que estão acreditados. Desempenham um papel muito relevante quer no plano bilateral, quer no contexto da União Europeia e das políticas comunitárias.

Os Embaixadores da UE reúnem-se regularmente sob a égide do estado membro que detém a Presidência do Conselho Europeu, que é rotativa de seis a seis meses e que no 1.º semestre de 2023 cabe à Suécia.

O facto de uma dessas reuniões se realizar nos Açores é muito significativo e revela a importância que é atribuída a esta Região Autónoma, não só no que respeita à cooperação nos sectores económico, cultural e cientifico, mas também no plano político tendo em atenção a situação estratégica do arquipélago e o seu papel na preservação do Atlântico Norte, como zona de paz e como fronteira avançada na proteção do nosso planeta e dos nossos recursos bem como da segurança das comunicações marítimas, aéreas e digitais, que a todos interessa e beneficia.

 

A visita terá uma dimensão de trabalho com autoridades regionais. Poerão resultar destes contactos, tanto em conjunto como eventualmente bilaterais, coisas importantes para os Açores? É possível sensibilizar os Embaixadores para os nossos problemas específicos, havendo consequências positivas dessa sensibilização?

 

A visita constitui para as autoridades regionais uma oportunidade fantástica, que estou certo vai ser bem aproveitada, para exporem os desafios da Região e a sua atratividade, bem como os projetos que estão a ser desenvolvidos, nomeadamente o Atlantic Center e o Air Center, cujos objetivos transcendem o âmbito regional e mesmo nacional e de que ressaltarão benefícios muito significativos para a União Europeia no seu conjunto. O potencial é imenso e tem que ser aproveitado num esforço coletivo.

Devo sublinhar que nada substitui um contato direto com a realidade açoriana e com as instituições e autoridades regionais.

A reunião que é um excelente pretexto para esse contato direto vai ser certamente um momento alto para a Região e uma ótima promoção.

 

Pensamos muito a União Europeia em termos de fundos comunitários”, que nos dão muito jeito, como é público e notório. No entanto, a União é muito mais do que isso e parece que essa “catequese” está a falhar, o que poderá comprometer o projeto europeu no seu todo. Qual a sua visão sobre este aparente problema?

 

A uma forte coesão e um espírito de comunidade na União Europeia a nível dos governos e das populações são extremamente importantes e geradores de unidade e vigor dos nossos países e das nossas instituições. Uma atribuição, distribuição e boa utilização dos fundos comunitários é essencial e deve ser o mais abrangente que for possível, sem esquecer os territórios insulares e ultraperiféricos.

Só assim conseguiremos prevalecer na defesa do espaço de paz, prosperidade, democracia e justiça social que a União Europeia pretende ser.

 

Na qualidade de Representante da República nos Açores, o que pretende dizer aos Embaixadores?

 

A mensagem que vou tentar fazer passar para os Embaixadores é a de que os Açores são um soberbo ativo para Portugal, em aspetos que na atual conjuntura internacional são extraordinariamente relevantes, mas também para a própria União Europeia. Impõe-se pois que os Embaixadores sejam uma correia de transmissão para os seus países e para os seus governos da realidade açoriana e das oportunidades de uma cooperação acrescida da qual só podem resultar mútuas e significativas vantagens.

Esta visita é muito importante em si mesma, mas é igualmente que lhe seja dada o “follow-up” que merece.