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GABINETE DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA

PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

SOLAR DA MADRE DE DEUS

ANGRA DO HEROÍSMO

 

 Mensagem de Ano Novo

do Representante da República

para a Região Autónoma dos Açores

2021/2022

 

 

Caras açorianas e

Caros açorianos,

Os Açores, com as suas nove ilhas, no meio do Oceano Atlântico, estão particularmente sujeitos às alterações climáticas, fruto do aquecimento global.

A subida do nível das águas do mar e os fenómenos climáticos extremos ameaçam a Região e quem nela vive.

É uma situação a que não podemos fechar os olhos e a que não podemos fugir. As suas consequências, se nada fizermos, serão progressivamente dramáticas.

Natural, pois, que não queira deixar de juntar a minha voz ao grito de alarme que acompanhou a última Cimeira do Clima, COP26. O problema que nos aflige é global e exige uma resposta global. De todos, e de cada um, sem exceção. E de todos juntos. É uma responsabilidade coletiva e individual. Dos governantes e dos governados. Mas precisamos de ações, não de boas intenções e de discursos.

Temos de inverter uma situação que põe em perigo as condições de vida de toda a Humanidade.

São os cientistas que o dizem e que o provam através da verificação de factos, visíveis e alarmantes. Indesmentíveis.

Os nossos hábitos, o nosso estilo de vida, têm que mudar. O consumo excessivo, o desperdício, a falta de cuidado e de disciplina, o desmazelo, têm que dar lugar a uma atitude responsável, consciente e coerente com uma firme e constante vontade de tornar o planeta mais saudável e, ao mesmo tempo, mais agradável e mais amigável. Em suma, um meio ambiente com melhor qualidade, mais humano com vista a uma ecologia integral.

Esta deverá ser, como salientou o Secretário-Geral das Nações Unidas, a luta da nossa vida.

Temos que nos consciencializar e ajudar a formar a consciência dos jovens, desde crianças, que o problema somos todos nós e que todos temos um papel que devemos assumir, responsável e solidariamente. Temos o dever de dar a nossa contribuição, por mais pequena que seja, para ajudarmos a evitar uma espiral irreversível e uma catástrofe mais e mais iminente.

Não nos podemos resignar e continuarmos com os mesmos comportamentos, a pouco mudar, condenando-nos a nós e às gerações futuras, aos nossos netos e bisnetos, que são o nosso prolongamento na Terra.

Pior que a resignação será a apatia e ainda pior a indiferença, porque sintomática de uma falta de autoestima e de ambição, de confiança em nós próprios.

A indiferença corresponde, de igual modo, a uma atitude pessimista e derrotista, inibidora das nossas capacidades, de uma participação na vida pública e da influência nas instituições políticas como cidadãos.

Ela conduz a uma vida sem perspetivas, sem animação e sem horizontes. Sem progresso. Sem avanços. Sem futuro.

A mensagem que desejo transmitir a todos os açorianos, povo habituado a lutar e a vencer desafios da natureza e dos sobressaltos da vida, é a de que procurem dar o exemplo de um comportamento irrepreensível que contribua para a proteção e preservação da natureza e do seu equilíbrio, de modo a que os Açores possam continuar a ser uma terra de eleição, um lugar de esperança.

Lembro que os Açores foram designados como um dos 130 “hope spots” (lugares de esperança) a nível mundial pela organização internacional ambientalista “Mission Blue”  (Missão azul) em reconhecimento do seu contributo para a salvaguarda da riqueza e diversidade do seu ecossistema.

É importante que todos tomem consciência dos seus deveres cívicos, que os assumam responsavelmente e que, todos e cada um, contribuam para a defesa do ambiente e da natureza e para uns Açores cada vez mais verdes e cada vez mais azuis.

Desejaria ainda sublinhar a importância da participação democrática dos cidadãos nos atos da vida coletiva. Estamos em vésperas de eleições legislativas nacionais e apelo a todos para que não deixem de votar. É um dever cívico e uma responsabilidade a que não nos devemos eximir.

Antes de terminar, permitam-me que exprima brevemente o meu sentimento em relação à pandemia que nos aflige.

É minha forte convicção que só poderemos ver-nos livres do terrível vírus, que insistentemente nos assola, quando todos estivermos vacinados.

Será uma vitória para a ciência e para a humanidade.

Mais uma vez, tal depende da determinação dos governantes e dos governados em assumirem a realidade e atuarem com firmeza. É também um dever cívico. Querer é poder.

Por último, exprimo a todos, os meus votos de um feliz Ano Novo, com boa saúde e prosperidade.

Bem hajam

Muito Obrigado

Pedro Catarino