GABINETE DO REPRESENTANTE DA REPÚBLICA
PARA A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES
SOLAR DA MADRE DE DEUS
ANGRA DO HEROÍSMO
Senhor Presidente da República,
Permita-me que lhe exprima a minha honra e alegria ao recebê-lo neste solar da Madre de Deus, sede do Representante da República, e lhe dê as boas vindas, conjuntamente com a Senhora Presidente da Assembleia Legislativa e o Senhor Presidente do Governo Regional e todos os distintos convidados.
Somos um país com história. Uma história brilhante e longa de nove séculos, que nos moldou o carácter e que nos congrega numa comunidade, a nação portuguesa, coesa e orgulhosa do seu passado e das suas instituições presentes, em que assentam, numa conjugação positiva, o Estado unitário e as regiões autónomas.
É essa história que está na base da democracia e do sistema politico em que vivemos, que consolidou a nossa unidade, a nossa língua e os valores em que assenta a sociedade portuguesa.
História, feita também pelos açorianos, que tantas vezes contribuíram com o seu sangue e fortunas para a defesa da nação, dando tudo e nada pedindo.
A ilha Terceira e esta cidade de Angra do Heroísmo, que hoje tão calorosamente acolhem Vossa Excelência, desempenharam sempre um papel central, a nível nacional e regional, papel que faz parte do património de todos os portugueses, em geral e dos terceirenses e de todos os açorianos, em particular.
Permita-me que faça aqui a evocação histórica de alguns dos títulos desta cidade, que se juntam a tantos outros das suas ilhas irmãs.
Angra do Heroísmo foi :
- capital da Ilha Terceira,
- antiga capital da província e da capitania-geral dos Açores,
- vila desde a povoação da Ilha,
- cidade por mercê do rei D. João III,
- sede do bispado dos Açores por bula do Papa e carta régia de 1535,
- sede do Governo do Reino em nome de D. António Prior do Crato,
- mui nobre e sempre leal cidade por carta régia de D. João IV,
- residência do rei D. Afonso VI de 1669 a 1674,
- sede do Governo Geral dos Açores em 1766,
- sede da Academia Militar dos Açores
- sede da Junta Provisória em nome da rainha D. Maria II e capital do reino durante a sua regência de 1830 a 1832 e na regência de D. Pedro IV.
- capital do distrito central dos Açores desde 1836.
Angra do Heroísmo foi agraciada em 1837 com a Grã-Cruz da Torre e Espada e ganhou os seus títulos de muito nobre, leal e sempre constante, da mesma forma que a Praia da Vitória, então ainda vila, ganhou o título de muito notável.
Ambas foram baluartes da liberdade e teatro de gloriosos feitos.
Já no século XX, a importância estratégica da Terceira e da sua base das Lajes tem sido determinante na política externa portuguesa desde a segunda-guerra mundial.
Por sua vez, com a classificação pela UNESCO, em 1983, de Angra do Heroísmo como património da humanidade, esta cidade tem vindo a assumir uma posição de destaque quanto à preservação do património e da nossa herança cultural comum.
E é com o mesmo orgulho com que evocamos o inestimável contributo dos açorianos para a nossa história nacional, que manifestamos o nosso júbilo por esta visita aos Açores de Vossa Excelência Senhor Presidente da República.
Formulo os nossos votos para que ela venha reforçar os laços que nos unem como portugueses e para que nos possa inspirar a todos para enfrentarmos os desafios do futuro.
Bem-haja e muito obrigado, Senhor Presidente.
Angra do Heroísmo, 2 de junho de 2017